Literatura na Bahia

O blog Literatura na Bahia foi criado no ano de 2010 com o objetivo de reunir textos sobre o tema, escritos pelo seu idealizador, Cid Seixas. Depois, ao perceber o alcance do título, julgou-se mais adequado e útil transformá-lo num espaço coletivo dedicado à produção literária baiana (obras e autores), com ênfase ainda em estudos e textos analíticos que registrem a vida intelectual do estado, dando destaque à sua literatura.

Neste ano de 2018, o blog está sendo reconstruído com o objetivo de incluir um número expressivo de textos sobre o tema. Nesse sentido, ele está aberto à participação dos interessados, enviando sugestões e colaborações que serão avaliadas por uma comissão editorial criada para tal fim.

Como se vê, trata-se de um espaço aberto e ainda em processo de construção...

literaturanabahia@gmail.com | cidseixas@yahoo.com.br


Bonde trafegando entre a Graça e a Barra Avenida. Salvador, Bahia.

Correspondências para Cid Seixas

Aqui estão as correspondências assinadas por autores como Jorge Amado, Zélia Gattai, Herberto Sales, Antonio Torres, Cyro de Mattos, Umberto Eco, Carlos Drummond de Andrade, Cassiano Ricardo, Raul Bopp, Ferreira de Castro, Plínio Doyle, Oswaldino Marques, Ferreira de Castro, Massaud Moisés, Mário da Silva Brito  e outros, disponibilizadas pelo escritor Cid Seixas.



FAC-SÍMILES

DE CARTAS, CARTÕES E BILHETES

DE JORGE AMADO E ZÉLIA GATTAI



Pode-se ler aqui o interesse de Amado em homenagear Pablo Neruda, o acompanhamento do que se publicava sobre ele e outras coisas.

Um episódio não registrado na correspondência diz respeito a Umberto Eco, que tentou conhecer Jorge Amado, quando esteve na Bahia.

Ente as cartas há uma apresentando o poeta Dirceu Régis (leia link do livro Ditadura militar na Bahia). Este tornou-se militante da resistência contra a ditadura. Após conhecer Régis, Cid Seixas passou a ser vigiado e abordado por agentes do regime, buscando informações a respeito. Mesmo desconhecendo as ligações políticas de Dirceu, conforme ditava a prudência naqueles tempos, não deu qualquer esclarecimento de como chegou até ele, dizendo que era um dos muitos autores que queriam ser publicados no Diário de Notícias; jornal através do qual promovia concursos literários, feiras e edições de livros.



Jorge Amado, 22.mai.72  (Justifica sua ausência ao lançamento do livro Fluviário e tece comentários sobre os poemas do livro)

Jorge Amado, 29.mai.72  (Envia lista de estudiosos americanos de Literatura Brasileira, para divulgação do recém lançado livro de C. S.)

Jorge Amado, 15.jul.72  (Envia cópia do texto a ser lido na Academia Brasileira sobre o livro Paralelo entre Homem e Rio: Fluviário)

Jorge Amado, 05.set.72  (Apresenta o poeta Dirceu Régis, que estava planejando a edição do primeiro livro)

Jorge Amado, 07.ago.73  (Agradece o artigo "O Bandeirante do Impossível", de C. S., no Jornal de Cultura do dia 5 do mesmo mês)

Jorge Amado, 29.out.73  (Registra o recebimento de exemplar do oitavo número da revista Serial, enviada por Cid)

Jorge Amado, 23.dez.73  (Jorge envia original de Calazães Neto para o livro Tereza Batista em troca de presentes natalinos)

Jorge Amado, 18.jan.74  (Envia livros e convida para encontrar com o crítico Antonio Olinto, em sua casa)

Jorge Amado, 08.mar.74  (Jorge envia alguns exemplares de revistas de poesia argentina)

Jorge Amado, 08-set-75  (Sobre a indicação de C. S. para dirigir o Teatro Castro Alves)

Jorge Amado, 08.out.75  (Discute a organização de uma página dedicada ao poeta Pablo Neruda, morto após o golpe militar no Chile)

Jorge Amado, 13.out.75  (Comunica o envio a Matilde da página sobre Pablo Neruda "organizada por você com tanto carinho")

Jorge Amado, 02.mar.76  (Agradece pelos passos iniciais visando a produção de um espetáculo teatral baseado na obra amadiana)

Jorge Amado, 15-mai-76  (Sobre a montagem da peça Quincas Berro d'Água, no Teatro Castro Alves, produção de C. S.)

Jorge Amado, 13.ago.76 (Cartão enviado de Londres por Amado, agradecendo felicitações pelo  seu aniversário)

Jorge Amado, 03.fev.77  (Agradece a atenção dispensada ao escritor e teatrólogo Dias Gomes, apresentado a C. S. pelo romancista.)

Jorge Amado, 20.out.77  (Fala de uma gripe, do defeito do seu telefone e reenvia o número já reparado para o qual ligar)
Jorge Amado, 29.out.77    (Intermedia pedido de D'Almeida Vitor de sugestão de autores baianos para figurar no Dicionário de autores brasileiros)

Jorge Amado, 05.jan.78    (Agradece o poema de Cid sobre o livro Bahia de Todos os Santos e o envia para várias publicações)

Jorge Amado, 06.mar.78  (Trasmite consulta da editora Record sobre a divulgação do 
poema sobre o Bahia de Todos os Santos)

Jorge Amado, 30-jan-80 (Considerações de J. A. sobre o livro Fonte das Pedras,de Cid Seixas)

Jorge Amado, 26-ago-80  (Sobre a concessão do título de Doutor Honoris Causa a J. A., pela UFBA)

Jorge Amado, 24.abr.1993  (Cópia enviada por J. A. do artigo publicado no jornal A Tarde sobre livros de Guido Guerra e de C. S.)

Jorge Amado, 28-mar-95  (Bilhete sobre artigo tratando de A Descoberta da América pelos Turcos)

Jorge Amado, 18-dez-95  (Discute conceitos de Seixas em artigo sobre Capitães de areia)

Rosane Rubin e Jorge Amado, 24.05.93  (Envia recorte de publicação e solicita exemplares da plaquete Jorge Amado: Da guerra dos santos à demolição do eurocentrismo)


Zélia Gattai, 19-set-95  (Comenta carta de Cid e artigos sobre livros de Zélia e de Jorge)

Zélia e Jorge, 06.jul.76  (Cartão postal de Londres com "grande e saudoso abraço")


Zélia e Jorge Amado, 30-set-97  (Falam dos livros O Espelho Infiel e Triste Bahia, de Cid Seixas)



CORRESPONDÊNCIAS | FAC-SÍMILES
DE OUTROS AUTORES


Antonio Houaiss, 27-mai-80  (Depois de Houaiss julgar seu estudo sobre a linguagem, Seixas conhece o filólogo e envia um livro de poesia)

Antonio Houaiss 16-nov-81 (Refere-se à publicação do parecer de Houaiss no livro O Espelho de Narciso)

Correspondências de Drummond  (Foto de envelopes das corrêspondências de Carlos Drummond de Andrade)

Drummond, 12.ago.1972 (Fala do livro Fluviário de C. S. e de Itabira, terra de Carlos Drummond de Andrade)



Drummond, 28.ago.1972 (Carlos Drummond de Andrade sobre matéria jornalística em torno da sua ligação com Itabira)



Drummond, 24.set.1973 (Sobre o lançamento do Jornal de Curtura, suplemento criado por C. S.)


Drummond, 13.mar.1974  (Ainde sobre o Jornal de Cultura e sobre os erros na publicação de um poema de C. D. A.)

Drummond, 3.jul.1975  (Comenta a homenagem a Godofredo Filho, poeta modernista baiano)

Drummond, 19.nov.1978  (Fala da poesia de C. S. no novo livro O signo selvagem)

Drummond,_09.nov.1983  (Acusa recebimento de uma velha foto de Itabira cedida por um itabirano residente na Bahia)

Drummond, sem data  (Agradece recorte enviado por C. S. e fala do fim do Jornal de Cultura)

Raul Bopp, 23.03.1974  (Cartão do autor de Cobra Norato enviando antigos escritos para publicação na imprensa baiana)

Raul Bopp, 31.05.1975  (O poeta modernista envia texto sobre a gênese de um dos seus poemas amazônicos)

Raul Bopp, sem data  (Agradece carta falando da homenagem aos setenta anos de Godofredo Filho)

Cassiano Ricardo, 08.out.1970  (Sobre o livro Temporário, enviado ao poeta por sugestão de Jorge Amado)

Cassiano Ricardo, 16.jun.1971  (Sobre poemas inéditos a constituirem um novo livro de C. S. focado no trabalho de estruturação do texto)

Cassiano Ricardo, 11.nov.1972 (Volta a comentar os poemas do livro Paralelo entre homem e rio: Fluviário)

Umberto Eco, 27.set.1979  (Sobre sua estadia em Salvador e a publicação da conferência no Instituto de Letras da UFBA)

Umberto Eco, 28.mar.1980 (Acusa recebimento de texto de C. S. e agradece acolhida na Bahia, quando pediu para conhecer Jorge Amado)

Ferreira de Castro, 02.out.1970 (O autor de A Selva refere-se a C. S. como um poeta fino, sutil e muito sugestivo)

Ferreira de Castro, 28.set.1972  (Trata do recebimento do segundo livro de poemas de C. S., dando sua opinião)

Herberto Sales, 26.mar.1984 (Sobre artigo de C. S. tratando do novo livro de Herberto e sua republicação no Jornal de Letras)

Herberto Sales, 18-out-95  (Sobre a plaquete Herberto Sales: Notas sobre a narrativa.)

Herberto Sales, 11.dez.1980    (O autor de Cascalho fala da resenha sobre seu novo livro, especialmente de dois contos)

Massaud Moisés, 11.out.1985   (Consulta sobre a publicação do seu texto e convida para organizar uma antologia para a Global Editora)

Massaud Moisés, 03.mar.1986  (Sobre o artigo dedicado a Sosígenes Costa na Revista Brasileira de Literatura)

Massaud Moisés, 20.out.1987  (Trata da preparação, por C. S., de estudo crítico sobre Drummond na série da Cultrix, coordenada por M. M.)

Massaud Moisés, 20.mar.1997 (Sobre a resenha de O piano e a orquestra, para a revista Colóquio e sobre livro de Ruy Espinheira Filho)

Massaud Moisés, 25.jun.1997   (Refere-se ao livro O lugar da linguagem na teoria freudiana.)

    (Solicita resenha sobre o livro Espaços da memória: Um estudo sobre Pedro Nava)

Antonio Torres, 23 jul.1997    (Envia recortes de artigos sobre o seu livro O cachorro e o lobo)

Antonio Torres, 01.set.97  (Trata do artigo em O Estado de S. Paulo, sobre seu livro)

Antonio Torres, 23.06.1998  (Discute seleção de textos para um novo livro com artigos e resenhas de crítica)

Cyro de Mattos, 31.mar.1998  (Discute os nomes selecionados para uma antologia do conto baiano para a Editora Mercado Aberto)

    (O crítico fala da entrevista de C. S. ao Minas Gerais Suplemento Literário, abrindo uma série sobre o conto brasileiro)

Oswaldino Marques, 08.jul.1982  (O autor de A seta e o Alvo refere-se ao livro O Espelho de Narciso e envia seu texto com referência a C. S.)

Mário da Silva Brito, 11.jan.1977  (Agradece o envio do "Poema do Natal Revisitado", em forma de cartão natalino)

Mário da Silva Brito, 02.mar.1981  (Carta extraviada. Remetida pela Editora Civilização Brasileira, com o original do texto, aqui transcrito, de Mário sobre o livro de C. S.)

Plínio Doyle, 20.fev.1990  (Registra o envio da revista Qvinto Império e convida para participar do Sabadoyle, encontro de escritores brasileiros residentes no Rio)

Correspondências para Cyro de Mattos

 

Algumas correspondências endereçadas ao escritor gapiúna Cyro de Mattos são disponibilizadas a seguir. Para ler clique no título-link em azul.


Affonso Manta   (Carta do poeta Affonso Manta sobre o Lavrador Inventivo, de Cyro de Mattos)

Prêmio
Críticos de Arte   (Associação Paulista dos Críticos de Arte confere o Prêmio 1992 ao autor baiano)

Carlos Drummond de Andrade    (Cartão de Drummond sobre a alegria de ler Os Brabos, de Cyro de Mattos)

Elias José    (Carta-poema de Elias José de 12.09.2002, ressaltando a maturidade poética do baiano Cyro de Mattos)

Ênio Silveira   (Carta do editor Ênio Silveira de congratulação pela obra de Cyro de Mattos publicada na Dinamarca)

Frasncisco Carvalho    (Comentário sobre Vinte poemas do rio e Cancioneiro do cacau, de
Cyro de Mattos.



Fred Ellison    (O estudioso norte-americano fala do "número considerável de obras" de C. M., em Austin, Texas)

Jorge Amado    (Carta enviando cópia da apresentação do livro Os Brabos à Academia Brasileira de Letras)

Jorge Amado    (Cópia datilografada do texto de Jorge Amado sobre o livro de Cyro de Matos)

Curt Meyer-Clason    (Carta do consagrado tradutor enviando versão alemã de um dos Vinte Poemas do Rio)

Jorge Medauar    (O escritor grapiúna fala do livro de crônicas O mar na Rua Chile, de Cyro de Mattos)

M. Mestas   (Carta do estudioso francês afirmando ter sido tocado pela sensibilidade do autor brasileiro)

Stella Leonardos    (Escritora comenta o lugar do livro Os Brabos, na literatura brasileira)

Vera Abramo    (Diretora da Biblioteca Central da UFBA fala do significado de incorporar livros de C. M.)

Seus Comentários



LEITURA LEVE

Sabemos que, com a multiplicação de novas tecnologias digitais, uma das mais antigas invenções da humanidade, a arte da escrita (necessariamente associada à arte da leitura) deixou de ser um instrumento essencial para um grande número de pessoas.

O par amoroso Escrita/Leitura constitui uma relação afetiva muito forte. Esse enlace é uma atividade mental construída, ao longo dos anos e dos séculos, pelas mais refinadas Civilizações da História humana.

Assim, a leitura – que já foi o principal meio de aquisição do conhecimento e também de prazer do espírito culto – perdeu espaço para os mais fantásticos e feéricos recursos audiovisuais.

Diante da complexidade de raciocínio envolvida em muitas obras, o livro passou a ser visto pelas pessoas com menor aptidão intelectual como algo dispensável.

Visando resgatar o prazer da leitura, foi criada coleção de e-books PEQUENAS OBRAS PRIMAS, na qual livros eletrônicos de pouquíssimas páginas permitem ler em alguns minutos contos considerados, ao mesmo tempo, simples e agradáveis, além de deixarem a certeza da alta qualidade inerente às criações mais elevadas do engenho humano.

Reserve dez ou quinze minutos e experimente a surpresa de redescobrir o prazer de uma boa leitura.

Depois disso, deixe uma mensagem na página Seus Comentários / Pequenas Obras Primas do blog literaturanabahia.blogspot. com dizendo o que achou e registrando suas impressões para outros leitores. Sua opinião é muito importante para que possamos continuar selecionando pequenas narrativas de ficção e disponibilizando novos livrinhos ligeiros para serem lidos no celular.

Sem fins lucrativos, este projeto tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento do hábito de leitura entre adultos, idosos e jovens.


Se você é professora ou professor em colégios que utilizam a Literatura como instrumento de formação intelectual, deixe registrado algum aspecto do seu importante trabalho.

Abraços a todos,
Cid Seixas



     
  


Crônica: Marcelo Torres


O Messias e sua caneta Bic

Marcelo Torres

Deus é brasileiro. Por isso nos enviou um Messias. Para este ser o nosso salvador. O salvador da pátria. Só quem é cego não viu. O nosso Messias, punhos cerrados, o pulso firme. Reescreveu a história do Brasil com uma caneta Bic. Prova do seu voto de pobreza, de sua humildade, de sua simplicidade. Com uma Bic, ele livrou-nos de todo o mal, amém. Com uma caneta Bic, ele riscou do mapa o mal maior do Brasil, o comunismo.

Como se sabe, até 1º de janeiro de 2019, ou seja, até anteontem, o Brasil era presidido por uma cambada de comunistas, essa gentalha que come criancinha assada no espeto. Os ditadores comunistas, tirados do poder anteontem, queriam porque queriam tirar as cores verde, amarelo, azul e branco da nossa bandeira. Queriam colocar o vermelho, que é a cor de satanás, a cor do demônio, veja se pode uma desgraça dessa.

Eles só não conseguiram isso porque Deus é mais, Deus é brasileiro, e Deus mandou o Messias livrar o Brasil de todo pecado. “Nossa bandeira jamais será vermelha”, disse-nos o bom pastor, “nossa bandeira só será vermelha se nós derramarmos sangue para defendê-la” — e todas as pessoas de bem o aplaudiram, não só as 115 mil presentes, como as 57 milhões que votaram nele e que acompanharam a transmissão pela televisão.

Foi o grande acontecimento nacional, um fato que mobilizou toda a imprensa e grande parcela da população brasileira e mundial. Já na sexta, três dias antes do evento, todos os habitantes do Distrito Federal que possuem celular receberam uma mensagem da Presidência da República informando o que não podia usar na via pública, ou seja, coisas básicas para a segurança de todo mundo, pois os esquerdistas queriam (e querem) matar o nosso Mito, o nosso Messias.

A lista — grande para burro, mas necessária — também foi divulgada pela imprensa no dia e nas vésperas da posse. A primeira informação era: só entrar e sair por um único ponto; as dezenas de acesso ao local seriam bloqueadas. Ao entrar, você seria revistado não só uma, nem só duas, nem só três, mas quatro vezes, em quatro barreiras sucessivas, pelos agentes de segurança — segurança é segurança, ora!

As forças de segurança, de forma proativa, cercaram tudo com cerca concertina, aquela barreira laminada, espiralada e cheia de lâminas de aço pontiagudas, cortantes e penetrantes — segurança total.

Antes de ir, você já ficava sabendo o que não podia levar. Nada de apontador de laser, por exemplo, aquilo é um perigo. Nada de bebida, nem mesmo água em garrafinha plástica — a água era distribuída no local mesmo. Outra coisa proibida era entrar com animal. Lula e anta, nem mortas! Os adversários dizem que viram pela televisão uns ratos, mas rato não tem como evitar — além do mais, se lá eles estavam, estavam comportadinhos, não incomodaram.

Outra coisa: não podia entrar com bolsa nem com mochila — vai que era um penetra, um petista infiltrado. Também não podia carrinho de bebê, mas isso era café-pequeno, quem tinha criança de colo levava sua babá e pronto. Não podia entrar com fogos de artifício, mesmo que fosse um traque (vai que era um petralha querendo explodir o Congresso Nacional).

Não podia entrar com objetos cortantes — lembrem-se de Adélio, aquele terrorista amicíssimo de Dilma, que foi treinado em Cuba e no Irã e na Venezuela e no Afeganistão para matar O-Mito. Não podia entrar com produtos inflamáveis (lembremos dos vândalos queimando tudo contra Temer). Era terminantemente proibido o uso de máscara ou qualquer coisa que escondesse o rosto (quem não deve não teme, quem esconde rosto é bandido).

Spray? Guarda-chuva? Bengala? Deus-livre! E capacete? Também não, porque algum petista infiltrado poderia atirar no Messias. E uma frutinhas, podiam? Laranjas, não vi (o Messias já disse em entrevista que Queiroz nunca foi seu laranja). Teve uma jornalistinha que, só por ser jornalista, queria entrar com uma maçã, vejam se tem lógica uma coisa dessa. Ora, maçã é vermelha, por isso é fruta proibida, a fruta do pecado; ela só entrou depois que tirou a casca vermelha e cortou a maçã bem picadinha — vai que tinha uma bomba atômica escondida, todo cuidado é pouco. 

Foi tudo muito bem organizado, segurança máxima para todos. Por exemplo: num raio de 7 km o tráfego aéreo estava proibido. Num raio de 46 km, toda e qualquer aeronave precisaria de autorização, senão era abatida. Num raio de 130 km, as aeronaves não precisariam de autorização, mas deveriam informar o plano de voo. Certíssimo, todo mundo seguro.

Além disso, dois mísseis antiaéreos (guiados a laser e capazes de abater aviões a uma distância de 7 km) estavam de prontidão para qualquer ameaça. E tinha mais: os militares usaram um radar portátil para identificar toda e qualquer aeronave inimiga voando baixo (não foram os petralhas que mataram Eduardo Campos e o ministro Teori Zavaski?).

Para a grande festa, foram destacados 4 mil policiais militares, uns 200 agentes de trânsito, centenas de viaturas e dezenas de carros de bombeiros, com 400 brigadistas — isto tudo sem falar nos milhares de agentes federais, policiais civis, policiais rodoviários e outros milhares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

A imprensa marronzista, comandada pela “Foice” de São Paulo, que está no terceiro turno, foi colocada em seu devido lugar: um curral. Para beber água ou ir ao banheiro, só com autorização militar. Justo. Todos os jornalistas (esse bando de comunistas que espalharam “fake news” contra O Mito) foram informados de que não poderiam fazer movimento brusco com o corpo. Ora, segurança é segurança! Um fotógrafo, por exemplo, se levantasse bruscamente a máquina, poderia ser abatido num milésimo de segundo por um dos tantos “snipers”, os atiradores de elite, tudo sob controle, dentro da ordem, coisa de primeiro mundo.

Aí vêm os esquerdopatas, os petralhas, os comunistas-caviar — esses derrotados invejosos — e dizem que não foi uma festa, mas uma operação de guerra. É a segurança, estúpidos! Só aquela caneta Bic já valeu por tudo. Com aquela Bic, simples e humilde, ele riscou do mapa o comunismo, livrando-nos de todo o mal, amém. Deus acima de todos. Arrependei-vos, ó comunistas, e crede no evangelho. Eis o homem, o Messias, o nosso salvador. Em nome do pai, dos filhos e dos espíritos  santos que o acompanham, amém! 

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http://literaturanabahia.blogspot.com/2019/01/cronica-marcelo-torres.html
Leia, do mesmo autor:
http://literaturanabahia.blogspot.com/2019/04/marcelo-torres-futebol-e-uma-cachaca.html