Síntese biográfica de Viegas

SÍNTESE BIOGRÁFICA
DE PINHEIRO VIEGAS


por Gilfrancisco


1865

Nasceu em Salvador, João Amado Pinheiro Viegas em 11 de setembro descendente de espanhóis, neto dos Quevedos y Villegas, filho de João Moura ViegasEra sobrinho de Umbelino Viegas, que em Alagoinhas fez parte de um grupo literário juntamente com Aristóteles de Andrade Silva, Pedro de Oliveira Santos e outros.

1875-1889

Fez os estudos primário e secundário no Ginásio da Bahia. Bacharelando-se em Letras, ingressa no curso de Direito, mas logo abandona para dedicar-se ao jornalismo. Atua no campo da política ainda quando estudante, através das campanhas abolicionista e republicana, datando daí inclusive a publicação de suas primeiras obras, dentre elas a Ré Pública – Carta ao Marechal Deodoro, 1891. Antes de sua ida ao Rio de Janeiro, pertence a um grupo literário que era formado por Caio Pedreira, Rafael Barbosa, Castelar Sampaio, entre outros. Publica em 1894 pela antiga Imprensa Popular, o livro Poemas da Carne, produção de 1893 à 1894.

1883

Aos dezoito anos de idade sofre pressão do pai, por causa das suas inclinações literárias.

1891        

 Em 29 de junho falece seu pai vitimado por lesão cardíaca. Publica em Salvador o panfleto A Ré Pública - Carta ao Marechal Deodoro, bem recebido pela crítica não somente na Bahia, mas teve repercussão também na capital federal. Encontra-se no Rio de Janeiro com sua família.

1892                

Em abril foi nomeado como inspetor de alunos do Colégio Militar e exonerado em Junho.

1893           

Nomeado para o cargo de adjunto do promotor público do município de Monte Verde, no Estado do Rio de Janeiro.

1895-1900

Encontra-se no Rio de Janeiro onde se tornou conhecido, principalmente, pela oposição a Prudente de Morais. Publica como coautor o panfleto em versos O Biriba, em que é alvejado este primeiro presidente civil do Brasil.

1899              

Era professor da Escola de S. Delphina, em Valença.

1900

Explora uma concessão pública de quiosques na praia de Botafogo.

1901-1907

Exerceu várias Comissões no Serviço Público em Salvador, no Distrito Federal, no Pará e em outros estados da Federação. No Rio foi elemento integrante da última geração boêmia de Lima Barreto, Antonio Torres, Coelho Cavalcante e outros.

1908

Foi exonerado por abandono de emprego do lugar de escrivão do posto fiscal de Oiapoc-Amapá.

1909-1911

Participa da Campanha Civilista, liderada por Rui Barbosa, pleiteando a Presidência da República, que se intensifica em 1910. Bem como da fundação da Academia dos Novos, formada principalmente por intelectuais novos ou aqueles que não lograram entrar para Academia Brasileira de Letras. Retorna do Rio de Janeiro, abandonando um cargo federal, como fiscal do consumo que ocupara na capital Federal.

1911

Funda em Salvador o jornal Brasil Moderno (Ciências, Letras, Artes e Livre Crítica Social), que teve vida efêmera, conseguindo editar apenas três números (novembro).

1912

Nos primeiros meses viaja para o Rio de Janeiro.

1916

Encontra-se mais uma vez na capital Federal e publica pela gráfica da Revista dos Tribunais, o livro Saudações a Rui Barbosa.

1920

Em 13 de maio, juntamente com Amaral Ornelas, Xavier Júnior, João Bartolomeu Klier, Raimundo Magalhães, Agripino Grieco, Heitor Malagutti, Chico Schettino, Atílio Milano, Coelho Cavalcanti, Enéias Ferraz, ofereceram um almoço ao Lima Barreto no Restaurante do Hotel Novo Democrático, da Rua Sachet. Todos os companheiros de jornalismo ou de boêmia dos últimos anos, que juntos prestaram a única homenagem que Lima Barreto receberia em toda  a sua vida. O cardápio servido foi feijoada, regada com muita cachaça, onde todos falaram,  menos o homenageado, que permaneceu mudo. O Meu Almoço. Rio, 3, jun, 1920,  Lima Barreto diz que Pinheiro Viegas "declamou coisas bizarras, próprias do seu temperamento individualista".

1922

Provavelmente este é o ano em que ele retorna definitivamente à Bahia, passando a colaborar na revista Renascença a partir de agosto.

1923

Continua a colaborar em Renascença.

1925

Colabora no jornal O Imparcial, com vários artigos: J.N.R.J; O Feminino e os feministas; Hospes, Hostis; Vogais e Consoantes. Época em que é apresentado ao Grupo da Baixinha, onde vamos encontrar nomes como: Alves Ribeiro, Bráulio de Abreu, Nonato Marques, Aníbal Rocha, Amphilophio Britto, Elpídio Bastos, Dagmar Pinto, entre outros.

1926

Colabora nas revistas A Luva e O Álbum. Publica no jornal O Imparcial entre janeiro e dezembro, mais de vinte e cinco artigos de caráter político.

1927

É um dos redatores, juntamente com Paulo Boll e Jorge Breta do periódico humorístico hebdomadário KKKK. Assina com o pseudônimo de Sylvio Rizzi. (Abril 1927). Funda o grupo literário Academia dos Rebeldes, do qual faziam parte jovens estudantes como: Jorge Amado, Sosígenes Costa, José Bastos, João Cordeiro, Édison Carneiro, Dias da Costa, Alves Ribeiro, Walter da Silveira, Guilherme Dias Gomes, entre outros. 1927 é o ano em que Pinheiro Viegas colabora em O Imparcial, com uma série de artigos políticos: Ventarolas; Calino; Momo; Os Boêmios; Os Cabotinos; Os Mequetrefes; O Negócio e Os Papalvos.

1928

Publica pela tipografia Borges em Salvador, o panfleto literário Vogais e Consoantes, crítica ao artigo Christus Imperat, de Otávio Mangabeira, publicado no jornal A Tardeem 9 de abril de 1925, provocando uma polêmica com J.C. Ferreira Gomes, que sai em defesa de Mangabeira. Colabora na revista Samba (1928-1929), e inicia uma série de artigos políticos e literários que são publicados no Diário da Tarde, Ilhéus. Publica ainda vários textos nos periódicos: O Combate; Folha do Norte e Etc.

1929

Inicia a publicação de vários poemas, assinados com o pseudônimo de Sophos de Arnauld, na coluna Jardins Suspensos, de O Jornal. Em setembro colabora no único número da revista Meridiano, órgão da Academia dos Rebeldes. Devido aos problemas com a visão, abandona o quarto de pensão e passa a morar com o filho casado, no subúrbio de Itacaranha.

1930

Em abril, funda a Academia dos Rebeldes e publica o manifesto do grupo, Carta aberta aos Rebeldes. Colabora no Diário da Bahia. Apresenta Agripino Grieco, por carta, o iniciante escritor Jorge Amado.

1931

Publica pela Academia dos Rebeldes, o livro Brasil Prosa e Verso, Gráfica Popular, com o pseudônimo de Sophos de Arnauld, além de dois poemas em maio no jornal da cidade de Valença.

1932

Encontra-se morando em Itacaranha, praticamente cego e sem uma das pernas, não mais frequentava a boêmia literária.

1934

Colabora no jornal Estado da Bahia.

1935

Publica em vida sua última colaboração, o poema Ela, em outubro no Boletim de Ariel.

1937

Viúvo (da companheira Idalina Maria dos Santos, mãe de seus filhos), depois de longos anos de enfermidade, morre na casa do filho no subúrbio de Itacaranha, em 27 de novembro, deixando quatro filhos: Mário (comerciante de peixe), Arthur, Juvenal Amado Viegas (1888-1952), Maria Angélica Viegas e uma neta. Apesar de ter vivido grande parte de sua vida no Rio de Janeiro, Viegas não conseguiu lograr uma posição entre os intelectuais de vigência da corte.